A Hipnose Hoje: Evidências e Aplicações em Psicologia
1. Panorama Científico Internacional
Pesquisas da Universidade de Zurique revelam que a hipnose altera redes funcionais no cérebro, mudando padrões de atenção, relaxamento e química cerebral (especialmente as ondas theta). Isso confirma que a hipnose é um estado real, com efeitos objetivos e mensuráveis, e não apenas fruto de imaginação.
Equipamentos de neuroestimulação, como o TMS (estimulação magnética transcraniana), começaram a ser usados para ampliar a hipnotizabilidade de pacientes com dor crônica, de forma segura e temporária. Isso abre caminhos para que mais pessoas possam se beneficiar da hipnoterapia, mesmo aquelas que inicialmente apresentam baixa suscetibilidade.
2. Tendências no Brasil
Um estudo recente com mais de 100 profissionais brasileiros indicou que 90% dos hipnoterapeutas não consideram a hipnotizabilidade como fator decisivo para o sucesso clínico, priorizando técnica e formação do profissional.
Mesmo com regulamentação vigente por órgãos como Anvisa e conselhos regionais, cresce a demanda por práticas baseadas em evidência científica. Clínicas, institutos e terapeutas que usam a hipnose com responsabilidade têm se destacado pela transparência, formação contínua e resultados objetivos.
3. Hipnose Clínica e Abordagens Multidisciplinares
Na Suíça, hospitais públicos como o HUG de Genebra vêm utilizando a hipnose para aliviar a dor e a ansiedade em procedimentos médicos, inclusive com crianças. Isso reduz a necessidade de medicação e acelera a recuperação.
Nos Estados Unidos, a comunidade científica tem investido em estudos sobre hipnose como ferramenta integrativa de cura, combinada com outras abordagens como TCC, psicologia positiva e terapia farmacológica, principalmente em quadros resistentes como dor crônica, fibromialgia e TEPT.
4. Casos de Aplicações Relevantes
Dependência de álcool: estudos recentes reforçam a eficácia da hipnose como estratégia complementar no tratamento da dependência. Ela ajuda a reduzir o desejo intenso pela substância, fortalece a motivação para mudança e trabalha o autocontrole emocional.
Vícios comportamentais: para o controle de gastos compulsivos, jogos e compras impulsivas, a hipnose tem se mostrado tão eficaz quanto a TCC. Em seis meses, cerca de 50% dos pacientes tratados com hipnose apresentaram manutenção dos resultados sem recaídas.
Transtornos de ansiedade: em pacientes com TAG e fobias específicas, a hipnose tem sido usada para dessensibilização progressiva, com alta taxa de eficácia quando combinada com protocolos estruturados de psicoeducação e reestruturação cognitiva.
5. Ceticismo e Ética no Uso da Hipnose
Apesar dos avanços, a hipnose ainda sofre resistência por parte de alguns profissionais, em parte por conta da sua associação histórica com espetáculos e práticas não científicas.
O maior risco está no uso da hipnose por pessoas não qualificadas, que podem induzir falsas memórias ou agravar quadros sensíveis. Por isso, sociedades científicas internacionais, como a ASCH e ISH, reforçam a necessidade de prática baseada em evidências, com certificação profissional e supervisão clínica adequada.
Além disso, há diretrizes claras sobre ética, consentimento e limites da prática hipnótica ? incluindo a proibição de uso para fins de manipulação, entretenimento ou abordagens duvidosas como "regressão a vidas passadas".
Implicações Para o Instituto Brasileiro de Hipnose (IBH)
Diante desse cenário, o IBH pode se posicionar como referência nacional na prática segura e eficaz da hipnose, por meio de:
Capacitação baseada em ciência: investir na formação continuada, atualizando os profissionais com as últimas descobertas da neurociência e protocolos clínicos validados.
Protocolos integrativos: desenvolver atendimentos para dor crônica, ansiedade, compulsões e abstinência que combinem hipnose com práticas interdisciplinares.
Divulgação de estudos relevantes: transformar achados científicos em conteúdos acessíveis ao público, desmistificando a hipnose e aproximando-a da psicologia contemporânea.
Alianças internacionais: fortalecer parcerias com sociedades como ASCH, ISH e SCEH, trazendo eventos, certificações e intercâmbio profissional para o Brasil.
Conclusão
A hipnose hoje caminha lado a lado com a ciência. Ao se afastar do misticismo e se alinhar com a prática baseada em evidências, ela se torna uma ferramenta poderosa para o tratamento de transtornos, o desenvolvimento humano e o bem-estar.
Para o IBH, é hora de liderar essa transformação, oferecendo um modelo ético, eficaz e integrado de hipnoterapia que dialoga com o que há de mais atual na psicologia mundial.