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30.jul.2025

O Mito da Perfeição: Como o Perfeccionismo Adoece e Como a TCC Pode Ajudar

Hoje resolvi escrever sobre um tema que traz muitos pacientes ao meu consultório. Seja por pensamentos de fracasso, emoção de ansiedade ou frustração, comportamento de procrastinação ou burnout.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):
O mito da perfeição: como a busca por ser perfeito adoece
Durante muito tempo, ser perfeccionista era visto como uma virtude. Alguém que buscava sempre o melhor, que não aceitava erros e se cobrava constantemente era admirado pela dedicação e pelo alto padrão de excelência. No entanto, à luz dos conhecimentos atuais em psicologia especialmente da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) sabemos que o perfeccionismo, longe de ser uma qualidade, pode se tornar uma importante fonte de sofrimento emocional.
Na TCC, o perfeccionismo disfuncional é entendido como um padrão de pensamento rígido e irrealista, no qual o indivíduo acredita que precisa atingir um desempenho impecável em para se sentir valorizado ou digno de amor. Esse esquema mental gera uma autoexigência excessiva, acompanhada de uma avaliação negativa constante de si mesmo, especialmente diante de falhas ou resultados considerados "insuficientes".
Essa forma de pensar desencadeia um ciclo de sofrimento psicológico: quanto mais a pessoa se cobra, mais ela aumenta suas expectativas; quanto mais altas essas expectativas, maior a chance de frustração. As falhas, inevitáveis na experiência humana, são vividas como evidências de inadequação pessoal, alimentando sentimentos de culpa, vergonha e queda na autoestima.
Além disso, muitos perfeccionistas entram em um comportamento de procrastinação, por medo do fracasso. Evitam iniciar tarefas importantes porque temem não conseguir realizá-las perfeitamente e, para eles, errar é inaceitável. Assim, ficam paralisados, o que gera mais autocrítica e reforça o ciclo disfuncional.
A TCC propõe intervenções para flexibilizar esse padrão de pensamento, ajudando o paciente a identificar suas crenças centrais (como "eu só sou bom o suficiente se for perfeito"), questionar a lógica dessas ideias e substituí-las por pensamentos mais realistas e funcionais, como "eu posso valorizar meu esforço, mesmo que o resultado não seja perfeito".
Trabalhar o perfeccionismo na terapia envolve aceitar a vulnerabilidade, valorizar o progresso e aprender a se relacionar consigo mesmo com mais autocompaixão. Afinal, como já dizia Albert Ellis, um dos precursores da TCC: "Não é o erro que nos adoece, mas a ideia irracional de que não podemos errar."
Clystine Abram

Dra. Clystine Abram

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