
"TCC no TEA: Desenvolvimento Social e Regulação Emocional"
Estudo de Caso: Terapia Cognitivo-Comportamental para um Adulto com TEA
Dados do Paciente:
? Nome: João (nome fictício)
? Idade: 32 anos
? Diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (nível 1 de suporte, sem deficiência intelectual)
? Queixa principal: Dificuldade em interações sociais, ansiedade em mudanças de rotina e crises emocionais frequentes no trabalho.
? Histórico: Trabalha como programador, tem poucas amizades e evita eventos sociais. Relata crises de ansiedade quando precisa falar em público ou quando seu chefe muda as tarefas de última hora.
Fase 1: Avaliação e Formulação do Caso
Objetivos da fase:
? Compreender padrões de pensamento e comportamento de João.
? Mapear gatilhos para crises emocionais.
? Identificar crenças centrais que dificultam a adaptação social.
Instrumentos utilizados:
? Entrevista clínica estruturada (para entender a rotina, desafios e objetivos de João).
? Diário de pensamentos e emoções (para identificar padrões disfuncionais).
? Escala de ansiedade social (para avaliar o impacto das interações sociais).
Descobertas principais:
? João tem um pensamento dicotômico sobre interações sociais: "Se eu errar uma vez, as pessoas vão me considerar incompetente".
? Tem crises de ansiedade quando sua rotina é alterada, pois depende de previsibilidade para se sentir seguro.
? Sua falta de habilidades sociais faz com que ele evite conversas com colegas, aumentando seu isolamento.
? João interpreta expressões faciais e tons de voz de forma muito literal, sem captar ironia ou duplo sentido.
Fase 2: Intervenção Terapêutica
1. Treinamento de Habilidades Sociais
? Iniciamos com role-playing (ensaios comportamentais) para João praticar conversas simples (como cumprimentar colegas e manter um diálogo).
? Utilizamos scripts sociais, ensinando respostas adequadas para diferentes situações no trabalho.
? João começou a registrar conversas no seu diário de interações sociais, anotando o que funcionou e o que poderia melhorar.
Resultados:
? Após 5 sessões, João conseguiu iniciar pequenas conversas no trabalho sem se sentir ansioso.
? Relatou que os scripts sociais o ajudaram a se sentir mais preparado.
2. Reestruturação Cognitiva para Pensamentos Disfuncionais
? João acreditava que "as pessoas no trabalho não gostam dele" porque raramente interagem com ele.
? Fizemos um exercício de teste de realidade, no qual ele observava evidências contra essa crença (por exemplo, colegas o chamando para almoçar).
? Trabalhamos a substituição de pensamentos automáticos negativos, criando alternativas mais equilibradas, como:
? Pensamento original: "Se eu falar algo errado, vão me achar um idiota".
? Pensamento alternativo: "As pessoas também erram ao falar, e isso não significa que são incompetentes".
Resultados:
? Após 8 sessões, João relatou menos ansiedade ao interagir com colegas.
? Percebeu que seu medo de julgamento era exagerado e começou a se expor mais a interações sociais.
3. Regulação Emocional e Flexibilidade Cognitiva
? Criamos um plano de enfrentamento para lidar com mudanças inesperadas no trabalho.
? Aplicamos técnicas de respiração e mindfulness para reduzir crises emocionais.
? João foi exposto gradualmente a pequenas mudanças na rotina (como alterar o horário de almoço), para aumentar sua tolerância a imprevistos.
Resultados:
? Após 10 sessões, João conseguiu lidar com mudanças no trabalho sem entrar em crise.
? Ele começou a aceitar que algumas alterações na rotina são inevitáveis e que pode se adaptar.
Fase 3: Encerramento e Generalização
? João aprendeu a se preparar antecipadamente para eventos sociais, reduzindo sua ansiedade.
? Criamos um plano de prevenção de recaídas, para que ele continue praticando as estratégias aprendidas.
? Após 12 sessões, João relatou melhorias significativas na interação com colegas, menos crises emocionais e maior tolerância a mudanças no trabalho.
Conclusão
A Terapia Cognitivo-Comportamental ajudou João a desenvolver habilidades sociais, modificar crenças disfuncionais e melhorar sua regulação emocional. Ele saiu do isolamento, começou a interagir mais no trabalho e aprendeu a lidar com mudanças sem ansiedade extrema.
Esse caso mostra como a TCC pode ser eficaz para adultos no espectro autista, ajudando a melhorar a qualidade de vida e a adaptação ao ambiente social.