Blog
Transtorno de Personalidade Limítrofe: Diagnóstico, Sintomas e Tratamento com TCC
17.fev.2025

Transtorno de Personalidade Limítrofe: Diagnóstico, Sintomas e Tratamento com TCC

O Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL), ou Borderline, é um transtorno de personalidade caracterizado por instabilidade emocional, impulsividade, relacionamentos intensos e instáveis, medo do abandono e comportamentos autodestrutivos. O tratamento com Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), especialmente a Terapia Comportamental Dialética (DBT), é uma das abordagens mais eficazes para manejo dos sintomas. Sintomas segundo o DSM-5: O DSM-5 define o Transtorno de Personalidade Limítrofe como um padrão persistente de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, autoimagem e afetos, além de impulsividade acentuada. Para o diagnóstico, é necessário que o indivíduo apresente pelo menos cinco dos seguintes critérios:

1. Esforços frenéticos para evitar abandono real ou imaginado.

2. Padrão de relacionamentos interpessoais intensos e instáveis, alternando entre idealização e desvalorização.

3. Perturbação da identidade, com autoimagem ou percepção de si mesmo instável.

4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais (ex.: gastos excessivos, sexo de risco, abuso de substâncias, direção imprudente, compulsão alimentar).

5. Comportamentos autodestrutivos recorrentes, incluindo automutilação e tentativas de suicídio.

6. Instabilidade afetiva, com mudanças bruscas de humor (ex.: disforia intensa, irritabilidade, ansiedade durando poucas horas a poucos dias).

7. Sensação crônica de vazio.

8. Raiva intensa e inadequada ou dificuldade em controlá-la (ex.: explosões de raiva, sarcasmo, brigas físicas).

9. Sintomas dissociativos transitórios ou paranoia relacionada ao estresse.

Avaliação do Transtorno de Personalidade Limítrofe: A avaliação clínica deve incluir:

1. Entrevista clínica estruturada baseada nos critérios do DSM-5. 2. Instrumentos padronizados, como:

? SCID-5-PD (Structured Clinical Interview for DSM-5 Personality Disorders).

? Zanarini Rating Scale for Borderline Personality Disorder (ZAN-BPD).

? Inventário de Personalidade Borderline (BPI-23).

(Esses inventários podem ser adquirimos nas empresas que vendem materiais para avaliação psicológica).

3. Histórico clínico e desenvolvimento, com atenção a traumas na infância, padrões relacionais e tentativas de suicídio ou automutilação.

4. Avaliação de comorbidades, como transtornos depressivos, bipolares, de ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e abuso de substâncias.

Plano de Tratamento com TCC: O tratamento deve ser estruturado e de longo prazo, com abordagens baseadas na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). A Terapia Comportamental Dialética (DBT), desenvolvida por Marsha Linehan, é a mais eficaz para pacientes com TPL, focando no desenvolvimento de regulação emocional, tolerância ao estresse e habilidades interpessoais.

Objetivos do Tratamento:

1. Redução da impulsividade e comportamentos autodestrutivos.

2. Melhora da regulação emocional.

3. Desenvolvimento de relações interpessoais mais saudáveis.

4. Fortalecimento da identidade e autoimagem.

5. Aumento da tolerância ao desconforto emocional.

Estratégias de Intervenção:

1. Psicoeducação: Explicar ao paciente sobre o transtorno, padrões emocionais e cognitivos característicos.

2. Reestruturação Cognitiva: Identificação e modificação de crenças centrais desadaptativas, como "sou inadequado" ou "as pessoas sempre me abandonam".

3. Treino de habilidades emocionais e interpessoais:

? Mindfulness (atenção plena para reduzir reatividade emocional).

? Habilidades de tolerância ao sofrimento (ex.: distração saudável e autoapaziguamento).

? Regulação emocional (identificação e manejo de emoções intensas).

? Habilidades interpessoais (assertividade, estabelecimento de limites, resolução de conflitos).

4. Prevenção de comportamento suicida e automutilação:

? Contrato de segurança.

? Estratégias de enfrentamento alternativas.

5. Treinamento de aceitação radical: Focado na aceitação de emoções dolorosas sem reagir impulsivamente.

Prevenção de Recaídas: Como o TPL é um transtorno crônico, a prevenção de recaídas deve ser contínua e envolver:

1. Monitoramento regular dos sintomas para evitar piora emocional.

2. Plano de segurança para momentos de crise, com estratégias de enfrentamento previamente estabelecidas.

3. Apoio psicoterapêutico contínuo, mesmo após melhora inicial.

4. Evitação de gatilhos emocionais e desenvolvimento de resiliência.

5. Suporte social para fortalecer conexões saudáveis e reduzir isolamento.

Conclusão: O Transtorno de Personalidade Limítrofe é uma condição grave, mas tratável. A Terapia Cognitivo-Comportamental, especialmente a Terapia Comportamental Dialética, oferece estratégias eficazes para a regulação emocional, melhora dos relacionamentos e redução da impulsividade. A adesão ao tratamento e a continuidade do suporte psicoterapêutico são essenciais para minimizar recaídas e proporcionar uma melhor qualidade de vida aos pacientes.

Dra. Clystine Abram

Comente essa publicação